4. ROTAS DE ENTRADA

4.1 Caracterização do sistema

4.1.1 Caracterização física do Rio Vouga

O Rio Vouga nasce na Serra da Lapa, a cerca de 930 m de altitude e percorre 148 km até desaguar na Barra de Aveiro. A sua bacia hidrográfica, com 3 645 km2, é limitada pelos paralelos 40º 15’ N e 40º 57’ N e pelos meridianos 7º 33’ W e 8º 48’ W (PBH Rio Vouga, 1999). Com base nos valores de escoamento medidos na estação de Ponte do Vouga, entre os anos de 1960 e 1990 (SNIRH), foi possível calcular a média e a mediana para cada mês, de modo a caracterizar o escoamento do Rio Vouga (Figura 4.1).

 

 

Figura 4.1 – Variação do escoamento mensal do Rio Vouga durante o ano.

4.1.2   Caracterização sócio-económica

4.1.2.1 Demografia

A caracterização demográfica apresentada neste ponto é sintética, limitando-se ao efectivo populacional da área envolvente da Ria e à percentagem servida por saneamento (Tabela 4.1). Foram seleccionados apenas os concelhos abrangidos pelo Saneamento Integrado dos Municípios da Ria (SIMRIA) e os indicadores considerados relevantes para os objectivos do trabalho.

Tabela 4.1– População residente e percentagem servida por saneamento em 1998.

Concelho

População (hab)

% servida

Águeda

45 140

23,0

Albergaria-a-Velha

22 650

24,0

Anadia

29 120

12,0

Aveiro

68 900

76,0 

Estarreja

27 540

19,5 

Ílhavo

35 650

35,0

Mira

13 860

?

Murtosa

9 640

0,0

Oliveira do Bairro

19 370

38,2

Ovar

52 470

49,0

Vagos

20 100

24,3

Fonte: INE, 1998   ? - Desconhecido

Com base nesta informação, calculou-se a percentagem total de população servida por saneamento, que se situou nos 37%, de um total de 344 400 habitantes.

4.1.2.2 Actividade agrícola e pecuária

A região da Ria é uma das áreas da Região Centro com maior potencialidade para a agricultura. Contudo, o desenvolvimento agrícola está condicionado por problemas de falta de enxugo, insuficiente defesa contra as cheias, invasão das terras por águas salgadas e insuficiência de rega no período seco (Borrego et al., 1994). As produções mais importantes são as culturas hortícolas, forrageiras, de batata, de vinha e do milho (Tabela 4.2). No que respeita à actividade pecuária, destacam-se os bovinos, os suínos, os caprinos, os ovinos e as aves (Tabela 4.3)

Tabela 4.2 – Áreas ocupadas pelos vários tipos de cultura.

Utilização das terras

Área (ha)

Cereais para grão

7 708

Prados e culturas forrageiras

23 764

Batata

2 318

Culturas hortícolas

2 035

Pousio

216

Frutos frescos (maçã, pêra, pêssego)

104

Citrinos (laranja, tangerina)

110

Frutos subtropicais

73

Olival

5

Vinha

1 284

outros

2 285

Total

39 902

Fonte: INE, 1999

Tabela 4.3 – Número total de animais em explorações pecuárias.

Animal

nº total

Bovinos - vacas leiteiras

24 566

Bovinos - outras vacas

3 110

Outros Bovinos

30 857

Suínos - fêmeas reprodutoras

13 856

Outros Suínos

37 331

Ovinos - fêmeas reprodutoras

6 357

Outros Ovinos

1 436

Caprinos - fêmeas reprodutoras

3 020

Outros Caprinos

801

Aves - frangos de carne

842 931

Aves - galinhas poedeiras e reprodutoras

402 422

Outras Aves

121 596

Fonte: INE, 1999

4.1.2.3 Actividade industrial

Segundo dados publicados pelo INE, o distrito de Aveiro gera cerca de 10% do total nacional do produto industrial e do total nacional do emprego no sector secundário (Borrego, 2000).

A estrutura industrial da região da Ria de Aveiro é bastante diversificada. No entanto, seleccionaram-se como os mais representativos os sectores do papel, químico e de produtos metálicos (Tabela 4.4).

Tabela 4.4 – Distribuição da actividade industrial por concelhos.

Indústrias

Concelhos

Alimentares

Murtosa, Mira, Vagos, Ílhavo, Estarreja,

Têxteis

Ovar

Madeiras

Mira, Vagos, Albergaria-a-Velha,

Papel

Albergaria-a-Velha, Aveiro

Químicas/Plásticos

Estarreja (parcialmente), Ovar

Cerâmicas

Oliveira do Bairro, Ílhavo, Aveiro, Águeda

Metalurgia de base

Albergaria-a-Velha, Aveiro, Águeda. Ovar, Oliveira do bairro

Metalomecânicas

Águeda, Aveiro, Ovar e Oliveira do Bairro

Fonte: adaptado de Borrego, 1994  e Ré, 1991

Nota: os municípios de Mira, Vagos e Murtosa são essencialmente agrícolas, sem desenvolvimento industrial significativo (Borrego, 1994).